Uma mensagem de Natal antiga...

Noooossa, dois posts no mesmo dia!!! :-)

Dei uma procurada para ver se encontrava uma mensagem de Natal antiga que postei na trad-prt (lista do yahoogrupos sobre Tradução, onde dei meus primeiros passinhos como tradutora, lá pelos idos de 1998), e que já havia mencionado anteriormente que ia colocar aqui.

Hoje, com paciência, fiz uma busca e achei.

Segue - postada em 24/12/2003, meu filho tinha 2,5 meses de idade.

Para situar - a querida Dayse Batista, colega tradutora cujo blog está em http://diariomulhercomum.blogspot.com/ havia enviado uma mensagem à lista, respondendo ao Lennon, na música "Happy Christmas (War is Over)", onde ele nos joga a seguinte pergunta:

"So this is Christmas
And what have you done
Another year over
And a new one just begun"

e eu entrei na dança e respondi o seguinte:

"Colegas, amigos, companheiros!

Estou acordada desde às 3:00 com o Samuel, meu filho lindo, pedindo leite, fralda nova e colo. E, após satisfazê-lo e colocá-lo novamente na cama, ao lado do pai, resolvi aproveitar o silêncio do restinho da madrugada para ler as mensagens.

Não sou muito de mandar mensagens à lista em datas festivas... Talvez um pouco inspirada pela bela mensagem da Dayse Batista, talvez embalada pela madrugada (são quase 5 da manhã quando começo a escrever)... Mas certamente ainda tocada pela quantidade de mensagens e carinho que recebi pela chegada do meu filho...

Nesse contato boêmio com meu filho, tenho aproveitado para colocar as conversas em dia. Converso muito com ele. Comigo. Com meus entes queridos e amigos que já se foram. Com amigos novos e antigos, pela maravilha da tecnologia. Com amigas do colegial, da turma do fundão, com quem não tinha nada em comum naquela época - mas agora, com bebês quase da mesma idade,trocamos experiências e vemos que, como mães, somos muito parecidas. Não dizem que mãe é tudo igual, só muda de endereço?

Nessa viagem pelos sentimentos, pego carona com a Dayse e também mando minha resposta ao Lennon. O que eu fiz neste ano que já termina?

No finalzinho de 2002 realizamos o sonho da casa própria. Há exatamente um ano passávamos nossa primeira noite embaixo de nosso próprio teto. Na passagem de ano, com meu marido na varandinha do nosso novo apartamento, olhando os fogos de artifício, desejamos o de sempre - saúde, trabalho, dinheiro, que nosso amor continuasse vivo, que nossos familiares continuassem felizes e bem, etc. Mas desejei algo mais - um filho...

Gerei uma vida, em parceria com meu grande companheiro nessa caminhada, meu marido, meu amigo. Pode ser que tudo isso passe e que eu volte ao meu "normal" um dia. Espero que não, espero ter conquistado um outro jeito de ser - mais doce, mais compassivo, mais tranquilo. Durante a gravidez, tive momentos de plenitude total - geralmente pela manhã, ao acordar lentamente, sentindo o meu filho tão querido se mexendo dentro de mim, com o pai dele ao meu lado, passarinhos cantando na rua, um céu azulzinho pela janela e uma brisa fresca entrando...

Hoje, as lágrimas encontram seu caminho com muito mais facilidade em mim. Elas correm sem eu nem querer... Hoje me vejo mais aberta aos outros, olhando nos olhos das pessoas que cruzam pelo meu caminho. Noto a doçura quando vêem um bebê, como se abrem, começam a conversar... E como somos todos iguais.

Hoje me pego pensando, ao assistir à TV, ou ler revistas e jornais, em como vou fazer para explicar este nosso mundo ao meu filho. O que vou dizer, o que vou liberar e o que devo filtrar...

Hoje, eu, que nunca fui uma filha rebelde, entendo ainda mais meus pais. E principalmente minha mãe, através da minha maternidade. E meu pai, que já foi pro lado de lá... vejo-o através do meu marido e do amor que ele demonstra pelo filho. E sei que esse amor é o bem mais precioso que temos e que podemos dar.

Hoje eu, sempre tão cheia de certezas, em total controle da minha rotina, me vejo entregue a uma criaturinha, que comanda a minha vida. Quando chora, choro junto por dentro (ai, as vacinas! ai, as cólicas!). Mas quando sorri, meu mundo pára e nada mais importa.

Então, Lennon, foi praticamente só isso que fiz. Claro, também trabalhei -muito menos do que de costume, mas encarei e estou encarando a redução de trabalhos como algo necessário - uma faceta do mercado atual e talvez um jeito de me forçar a parar e sentir o aroma das rosas. Também lembrei de sua morte no dia 8 de dezembro - e também de seu aniversário, em 9 de outubro.

Arranhei o carro, recebi duas multas de trânsito, tive que processar contratantes tratantes, tive que apertar o cinto, recebi cobrança de impostos atrasados da Receita Federal (erro de cálculo do contador - lá vou eu processar alguém de novo!), quero trocar de contador (de novo!), meu escritório está uma bagunça... Mas 2003 vai embora deixando um gosto muito doce, um gosto de Samuel - que já resmunga novamente no quarto.

E que venha 2004!"

O que posso acrescentar e atualizar? O gosto continua doce, feliz pelas conquistas e pelo desenvolvimento do filhote, muitos e muitos planos pela frente. Sinceramente, 2009 passou muito rápido e eu quase nem senti. Não fiz diversas coisas que havia prometido fazer, mas em 2010 vai!!!